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João Guilger e a série Light Tube

  • Foto do escritor: João Guilger
    João Guilger
  • 18 de out. de 2016
  • 4 min de leitura

Minha história com a fotografia se iniciou há quatro anos junto com meu primeiro contato com o light painting. Acompanhando um amigo em uma sessão de fotos, fiquei fascinado com o efeito da luz em uma longa exposição! Na mesma semana decidi explorar a pratica e comprei minha primeira DSLR, uma Canon T4i.

Desde então, realizo experimentos utilizando diversas fontes luminosas para criar cores, texturas e rastros de luz que compõem as fotografias de longa exposição.

Não é fácil adquirir equipamentos específicos para a prática dessa arte, principalmente estando no Brasil. Portanto, ser um fotógrafo de light painting envolve desenvolver equipamentos caseiros e explorar usos incomuns de objetos e fontes luminosas do dia-a-dia.

O segredo é batalhar a imagem: deixar a imaginação rolar, criando conexões entre o objeto fotografado, o ambiente em que se insere e a própria arte do light painting – aproveitar ao máximo as potencialidades da luz na tela escura. Mas, tão importante quanto a criatividade é treinar muito!

Qualquer palha de aço incandescente, tubo de detergente de cozinha, pedaços de bambu ou papel celofane podem se transformar em bases inusitadas para produzir as fontes luminosas. Sem contar o flash do celular, luzinhas de natal ou chaveiros de led que também são alguns exemplos de fontes de luz que utilizei nos últimos anos.

Neste ano, encontrei no Instagram o fotógrafo canadense Eric Pare, que desenvolveu a técnica light tube. A prática consiste em iluminar tubos de plásticos, feitos originalmente para abrigar lâmpadas fluorescentes, protegendo contra quebra ou mudar a cor da luz, no caso dos tubos coloridos.

A prática consiste em inserir uma lanterna em uma das extremidades do tubo, criando um bastão luminoso que traz infinitas possibilidades de desenhos ao ar livre. Pra mim esta é uma das técnicas mais belas do light painting atual.

Iniciei minha série light tube há quatro meses, me inspirando no trabalho de Eric Pare, e desde então é minha ferramenta favorita para fotografias de longa exposição.

Passei semanas entre tentativas e erros até encontrar as configurações corretas na câmera e alcançar o resultado esperado.

Cada câmera tem uma sensibilidade diferente para a captação da luz. Assim, as configurações que utilizei podem servir como base inicial para realizar as fotos, mas os fatores como luz ambiente, reflexão de luz no solo e distância do motivo fotografado alteram essas configurações e precisam ser levados em conta, bem como a intensidade da lanterna utilizada.

Não existe uma receita pronta, cada sessão de fotos de light painting é também uma sessão de aprendizados e exige vários testes até encontrar as configurações ideias. O segredo é batalhar o a imagem – deixar treinar, e muito!

O primeiro passo é pensar em um cenário para compor a foto. A luz ambiente deve ser bem baixa. Gosto de realizar as fotos em lugares amplos e ao ar livre, logo ao término do por do sol, quando ainda há um pouco de luz ambiente. Pesquisar antes o horário do nascer e por do sol é uma boa ideia. Uma praia a noite forma o cenário ideal!

O que você vai precisar?

  • Câmera com controles manuais. Qualquer câmera DSLR permite o controle de ajustes manuais ou modo Bulb, que será necessário.

  • Um tripé. Será muito importante, pois a câmera precisa estar o mais estável possível durante a exposição.

  • Controle remoto é desejável, ou você precisará de um assistente para clicar a foto.

  • Tubos: procure por “tubo protetor de lâmpada” na internet.

  • Lanterna: deve ser forte e estreita, para que encaixe no tubo.

Atualmente eu utilizo uma Canon T4i com lente 18-135 mm EF-S, e uma Canon 6D com lente 24-105mm f/4L IS USM, que é uma excelente câmera para light painting.

A execução

Chegando ao local planejado, se possível antes do anoitecer, inicio a montagem dos equipamentos, posiciono a câmera no tripé, coloco no modo manual e procuro o melhor enquadramento.

Quando a luz ambiente já está baixa eu começo a realizar os testes. Quanto maior a luz ambiente, menores devem ser o ISO e tempo de exposição. Ao passar do tempo, quando o ambiente escurece mais, gradativamente aumento o ISO e o tempo de exposição.

Quanto maior o tempo de exposição, maior o tempo para agir em cena, criando as formas abstratas com o bastão luminoso.

Os primeiros cliques costumam ter por volta de um segundo, com o passar da noite, chego a fazer fotos de até oito segundos.

Gosto de realizar as formas atrás do motivo fotografado, compondo uma cena onde o modelo parece estar interagindo com as luzes. É muito importante instruir a pessoa que está posando para que permaneça completamente imóvel durante a execução.

Não costumo utilizar flash, gosto de compor a iluminação da foto utilizando somente a luz ambiente e a luz gerada pelos tubos. Muitas vezes a fotografia fica escura, mas é possível corrigir com ajuste de luz na edição.

Edição

Algumas fotos utilizando esta técnica nem precisam de edição para um resultado satisfatório, mas costumo realizar uma edição simples, corrigindo sombras, contraste e saturação.

Para obter uma foto com um céu mais claro e estrelado, em algumas fotos eu costumo realizar uma exposição mais longa do céu, com a câmera na mesma posição, e na edição adiciono o céu nas imagens, aplicando a foto sobre o fundo.

Costumo dizer que o que me fascina neste tipo de fotografia é o fato de que não estou simplesmente capturando uma foto, mas criando arte, uma pintura onde a noite é uma tela, e a luz é a tinta.

João Guilger

São Paulo, SP - BR.

João Guilger é brasileiro, fotógrafo entusiasta formado em Administração pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Utiliza técnicas de fotografia noturna e light painting e longa exposição há quatro anos. Membro da Light Painting World Alliance, expõe suas fotografias no site joaoguilger.com e no Instagram @guilgerjoao .


 
 
 

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